38.
OS CASAMENTOS
(fatos ocorridos em 1973)
Eu,
o Marinho e o Luciano casamos praticamente ao mesmo tempo
e os casamentos deram fim ao primeiro conjunto musical amador
famoso de Goiás, as esposas não queriam que seus maridos continuassem
naquela farra. Foi uma pena e o fim de uma era de ouro em
nossas vidas. Mas o melhor estava por vir, casados e felizes
começaríamos uma nova fase ainda melhor, uma vida (esperava
eu) de amor e romance.
Casei-me
com uma moça adorável que gostava, como eu, de viagens,
aventuras e acampamentos. A Vera, esposa do Marinho, é
uma pessoa extremamente simpática e alegre, de forma
que sempre nos demos muito bem, embora tenha ocorrido um afastamento
entre nossas famílias que muito me entristeceu, pois
o Marinho era mais que um irmão para mim. A Margarida,
esposa do Luciano, é uma pessoa simpática mas
muito reservada, talvez porque lhe interessasse afastar seu
marido de sua turma de boêmios, mas nunca tive motivos
para me indispor com ela.
Como
eu e minha esposa tinhamos um bom relacionamento com o Marinho
e a Vera, nós os convidamos para irem conosco em uma
viagem de férias até a cidade de Monguaguá,
perto de Santos, onde um tio de minha esposa tinha uma casa
de praia (a dez metros da praia). A viagem já foi uma
curtição porque o Marinho (já felecido)
tinha um bom humor inigualável e eu (modéstia
à parte) sou um emérito contador de piadas,
talento que já caracterizava meu pai e meu avô
Tico.
Se
eu fosse relacionar todas as dívidas de coração
que eu tenho com o Marinho seria preciso um livro enorme,
não pretendo relacioná-las aqui, mas devo citar
que nesta viagem ele me disse uma frase que mudou a minha
vida de uma forma tão positiva que não conseguiria
sequer descrever, ele era um ser iluminado e agradeço
a Deus por tê-lo como amigo. Nesta viagem nos divertimos
a valer, uma simples caminhada na praia era suficiente para
darmos muitas risadas, foi uma ótima viagem.
Mas
a viagem mais incrível que fizemos foi a de nossa lua de mel
em Campos de Jordão, que pena que não havia uma câmera de
vídeo naquela época para gravar aqueles momentos mágicos de
nossas vidas, restaram apenas umas poucas fotos... Escolhemos
um chalé no Hotel Topo Verde, que como seu nome diz fica no
topo de um monte. Se eu pudesse ficaria ali morando com ela
o resto de minha vida, era um chalé pequeno mas muito confortável.
Logo abaixo do chalé tinha um enorme parque florido, era do
jeito que o mundo deveria ser: bonito, perfumado, colorido,
bem conservado e, especialmente, romântico.
Após
ficarmos uma semana naquele paraíso partimos para o Rio de
Janeiro, queria que ela conhecesse o Rio, cidade onde morei
muitos anos e que adoro. Do Rio fomos a Petrópolis, para ela
conhecer o internato do Colégio São José. Por incrível que
pareça, apenas três anos e meio depois eu volto ao internato
e não encontro nenhum dos meus amigos, apenas o secretário
da escola e o Inspetor Guedes, gente boa, permaneceram lá,
além dos diretores Dr. Mário e Prof. Manoel.
De
Petrópolis fomos a Ouro Preto, onde tive que pagar hospedagem
para um casal de coelhos que minha esposa havia comprado na
estrada. Depois de conferirmos que os coelhos estavam bem
instalados e alimentados, fomos conhecer Ouro Preto e comprar
lembranças. No carro já não havia espaço nem pras crias dos
coelhos, se isto viesse a acontecer na viagem. De Ouro Preto,
que deveria chamar-se Ouro Puro, fomos a Belo Horizonte, onde
nos perdemos por horas, aproveitamos a passagem próxima a
um restaurante para almoçar e depois, finalmente, encontramos
a saída para Brasília, onde fomos visitar uma tia de minha
esposa, chamada Denise.
De
Brasília, após quase um mês de viagem, voltamos a Goiânia,
onde pela primeira vez entramos em nossa casa onde, doravante,
residiria a paixão, a alegria e um cão. Nós resolvemos comprar
um cachorro de raça para guardar a casa e nos divertir e compramos
um bulldog. Como o cachorro comia e bebia de tudo demos-lhe
o nome de Chopp, sua bebida favorita. Aliás esse cachorro
era um luxo só, tomava cerveja, comia presunto e tinha até
um quarto na casa, mas ele era um cachorro realmente incrível.