35.
O RETORNO A GOIÂNIA
(fatos
ocorridos em 1969)
Depois
de mais de dez anos no Rio de Janeiro meu pai foi chamado
a uma nova missão, a agência do banco em Goiânia
estava para ser fechada, a única salvação
seria o retorno de meu pai para a Capital de Goiás.
Nesta época, final da década de sessenta, Goiânia
já era uma boa cidade de se morar (quando chegamos
em Goiânia em 1954 não havia eletricidade nem
água e esgoto). Arrumamos nossa mudança e retornamos
ao nosso querido estado de Goiás, sentindo deixar a
Cidade Maravilhosa.
Pensava
que chegaria em Goiânia e encontraria todos os meus
velhos amigos da década de cinqüenta, desta forma
não sentiria tanto esta mudança. O Lourival
Lousa Júnior eu nem cheguei a ver, o Paulo vejo algumas
vezes na rua, outros amigos se mudaram de Goiânia, mas
o Marinho (Mário de Andrade Filho) salvou a situação.
Além de grande amigo de todas as horas ainda foi meu
orientador, mostrando-me o caminho luminoso do espiritismo.
O Marinho
me convidou a participar de um clube beneficente formado apenas
por jovens, O Clube dos Castores, apoiado pelo Lions Clube
(Quando o Clube dos Castores encerrou suas atividades o Lions
criou o Leo Clube). Este clube era um barato, tínhamos
reuniões semanais, quando planejávamos nossas
ações beneficentes, e essas reuniões
eram muito animadas. Em uma reunião o Marinho me perguntou:
você conhece algum bom baterista? Eu segurei minha alegria
e lhe perguntei qual o motivo de sua indagação
e ele me respondeu que o clube queria montar um conjunto para
animar suas festas. Eu revelei minha experiência como
baterista e foi aquela festa. Ficou marcado para, no dia seguinte,
eu conhecer o outro membro do conjunto, Luciano, que tocava
piano (o Marinho tocava guitarra e baixo).
Fiquei
meio temeroso, pois eu não conhecia esse tal de Luciano
e minha área era o rock, agora iria entrar em uma banda
que tinha piano? Em vez de rock tocaríamos mpb, bossa
nova e jazz, será que isto daria certo? Além
do mais eu vendera minha velha bateria no Rio por não
ter como trazê-la. Como eu faria para dizer ao Marinho
que não queria participar deste conjunto que se chamaria
Os Castores? Minha primeira banda havia se chamado The Beloveds
(Os Amados)...
Mas
tudo mudou quando eu conheci o Luciano, uma figura fora de
série, e consegui tomar emprestada a bateria de seu
irmão, que não a usava mais (mais tarde vim
a comprar esta boa bateria). Começamos os ensaios e,
após alguns retoques, estávamos prontos para
o que der e vier. No início da década de setenta
não havia conjuntos amadores ou profissionais em Goiânia,
esse foi um dos motivos de nosso grande sucesso.
Nós
três nos relacionávamos como irmãos, tudo
era decidido em consenso e nunca discutimos ou brigamos por
qualquer motivo, é como se estivéssemos destinados
a nos encontrar nesta vida para criar algo de positivo, pois
nos divertíamos muito mas também prestávamos
bons serviços à comunidade, através do
Clube de Castores.
Lembro-me
de uma oportunidade em que fomos fazer um show beneficente
em uma festa da paróquia da Vila União e convidamos
nosso amigo Valdomiro para cantar. No encerramento do show
ele cantou Zíngara (um sucesso da época) e fez
tanto sucesso que quase que foi carregado nos braços
do povo, uma loucura!