36.
OS CASTORES
(fatos ocorridos entre 1970
e 1973)
Começamos
a tocar em festas e logo o Lions Clube nos descobriu e passou
a nos convidar para tocar em suas reuniões. Era ótimo porque
nos intervalos bebíamos do melhor uísque e devorávamos desde
salgados até lautos jantares. Foi nessa época que começamos
a tornar o conjunto mais profissional. Começamos ensaiando
um repertório de cerca de setenta músicas que chegaria bem
rápido a duzentas músicas. Depois fazíamos ensaios só de mpb,
bossa nova ou jazz, melhorando nosso desempenho e treinando
solos.
Foi
aí que a TV Goiânia (atual TV Anhanguera / Globo) nos descobriu
e nos convidou para fazer um programa semanal chamado de "As
Dicas". Era um programa em que nos intervalos de nossas
músicas uma apresentadora bem sexy oferecia informações diversas
aos jovens. Este programa durou alguns anos e foi uma época
em que ficamos conhecidos em todo o estado. Certa vez eu passava
pela Avenida Universitária a uns cem km/h, com o carro lotado
de instrumentos musicais, quando um guarda me parou e ameaçou
me multar.
Pedi
a ele que não me multasse, disse que estava correndo porque
estava super atrasado (uma verdadeira mania minha naqueles
tempos) para uma festa onde ia tocar. O guarda me reparou
melhor, fez uma cara de espanto e disse: você faz parte daquele
conjunto OS CASTORES, não é? Você é o baixinho baterista!
Nossa, vocês são demais! Pode ir prá festa, mas antes me dá
um autógrafo! Foi realmente sensacional. E eu que não queria
entrar pro conjunto!
Já
estava tudo muito bom, eu, o Marinho e o Luciano nos divertíamos
prá valer, quando a TV Rádio Clube (concorrente da TV Goiânia)
nos convidou para tocar em um programa semanal às quintas-feiras
(o outro era às quartas-feiras). O programa já existia, chamava-se
PASSARELA SOCIAL, comandado pela colunista social mais badalada
da cidade, Maria José. Topamos na hora, seria realmente demais!
Vendo nosso desempenho na TV a colunista tratou de nos convidar
para animar as mais sensacionais festas da Capital. O Uísque
era de primeira e os camarões eram tão grandes que precisavam
ser partidos ao meio para serem degustados.
Foi,
sem sombra de dúvida, a melhor época para OS CASTORES, mas
eu enfrentava um problema sério. O Luciano tinha as duas bordas
laterais do piano e em uma ele colocava o cinzeiro e em outra
o copo, o Marinho conseguiu uma mesinha onde colocava seus
comes e bebes, mas eu, na bateria, não tinha onde por nada,
ficava morto de vontade de fumar um cigarrinho (antigo vício),
de comer e beber alguma coisa, mas não era possível, pois
eu ficava cercado pelos taróis, surdos e pratos da bateria.
O
jeito foi pedir ajuda a um marceneiro, que parafusou duas
hastes laterais no bumbo e nestas hastes dois suportes que
ladeavam os surdos. Pronto, já podia matar minhas vontades.
Com o casamento do Marinho com sua amada Vera a banda começou
a parar. Marinho agora tinha novas responsabilidades e não
podia mais ficar na farra todos os dias. Uma pena.
Logo
depois eu me casei com Soledade, com quem vivi quinze anos
de muito amor e alegrias. Era o fim dos castores. Depois de
dez anos sem tocar, um dia nos reunimos na casa do Marinho
e botamos prá quebrar! Foi sensacional, uns riam, outros choravam,
que saudade...