44. ADEUS ORLANDO!
(fatos ocorridos em 1998)

          Saímos à tardinha para retornar a Fort Lauderdale, eu já estava acostumado, desde que comecei minhas viagens, a deixar locais maravilhosos para trás, mas nunca senti no coração um aperto como o que senti ao deixar a Disney World. Mas sentia-me feliz, naquela semana consegui realizar dois de meus maiores sonhos de infância.

          Nossa ida à bela cidade de Tampa foi cancelada porque eu estava gripado, assim sendo tomamos uma estrada que vai direto de Orlando para Fort Lauderdale. No caminho o Rondon, que dirigiu a maior parte do tempo, decidiu parar em um posto de gasolina para esticar as pernas e tomar um café, eu resolvi ficar dormindo no carro.

          O posto escolhido era daqueles que ficam no meio da rodovia, para oferecer fácil acesso aos veículos que trafegavam em ambos os sentidos, sendo que ele tinha dois estacionamentos e duas entradas, um para cada lado da rodovia. O Rondon entrou, foi ao banheiro, tomou um café e na saída não conseguiu encontrar o carro. Ficou por alguns instantes desesperado, pensando que eu tivesse sido raptado com o carro, mas então percebeu que o posto tinha duas entradas iguais e dirigiu-se à outra, onde me encontrou dormindo no automóvel.

          Depois desta resolvi tomar um café, a garçonete perguntou se eu queria um café pequeno, médio ou grande, estranhei a pergunta mas respondi: “Pequeno, é claro!” Então, para meu espanto, ela pegou um copo e encheu de café! Os americanos tomam café como se fosse água, um exagero!

          De volta a Fort Lauderdale fomos fazer as últimas compras, inclusive placas-mãe e processadores em Miami, e começamos a arrumar as malas. É claro que as compras não caberiam em nossas malas com suas embalagens, então transformamos a cozinha do nosso apartamento em um verdadeiro depósito de embalagens vazias, só caixas de cd para gravação haviam mais de duas centenas.

          Durante nossa estadia no hotel, nossa base operacional em Fort Lauderdale, fizemos amizade com uma senhora negra chamada Shirley, que era a arrumadeira. No dia em que saímos do hotel ficamos rindo ao imaginar a cara que a Shirley iria fazer ao se deparar com nosso “depósito de embalagens vazias”. Mas não tivemos tempo para tirar aquele amontoado de caixas da cozinha. Nós rimos mas sentimos um aperto no coração por aprontar aquela com a simpática Shirley.

          Ficamos felizes por termos entregue o carro sem qualquer problema, a Hertz é a melhor empresa de locação de veículos do planeta. A experiência de nosso amigo Ronaldo com outra locadora não foi tão positiva, deram um carro coreano para ele, era tão frágil que soltou o pára-choque traseiro na rua ao passar por um viaduto.

          Na Herts tomamos o ônibus que leva os clientes para o aeroporto, no caminho fixamos os olhares nas janelas e fomos nos despedindo mentalmente da Flórida e dos Estados Unidos. Pensei que se voltasse lá eu gostaria de rever Nova Iorque, só que agora teria que ser no verão.

          O mais importante nesta maravilhosa viagem foi que nós provamos que trabalhadores podem realizar viagens internacionais, desde que saibam economizar e planejar bem as despesas. Depois desta viagem vários colegas de trabalho fizeram excursões ao exterior, o que veio comprovar nossa teoria. É preciso que acreditemos em nossos sonhos.

          Voltei ao Brasil cansado mas maravilhado com tudo o que vi, jamais vou esquecer esta viagem que foi melhor ainda porque estava na companhia de um grande amigo. Viajar é ótimo, mas viajar sozinho não tem tanta graça, sem falar na segurança de ter uma pessoa conhecida por perto, para prestar socorro, se for preciso.



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